Homem vindo do mar, perdido, que da serra fizeste lar, e de lavrador nada tens.
Porquê, se de lavrador nada tens, marcaste em mim o ferro da tua casa, o ferro do teu ser?
Estava quente, em brasa, e a marca por ti deixada de relevo cicatrizada, permanece em toda a minha alma, em todo o meu coração.
Não pensaste duas vezes, homem que ao lado da serra fez vida, escolheste o melhor ferro com as tuas iniciais engalanadas, e sem dó nem piedade em mim o pousaste lentamente, subtilmente. Queimaste, marcaste e fugiste deixando para trás eco do meu grito de dor, e a fumaça do quente no meu ardor.
Ai homem sem lar, que se esconde atrás da vaidade, e adormece num leito de medo…
Medo de quê homem que lavrador não é?
Medo de olhar por cima do ombro e ver fumo sem fogo?
Não tenhas medo homem que vive ao lado da serra. Este teu ser em tudo teu semelhante, que de ti a marca transporta, um dia voltará tal qual cavalo selvagem, e reclamará o olhar atento do que se dizia seu dono.
Porquê homem perdido, porque deste tu asas à tua crueldade fugindo como caçador cobarde das savanas africanas, porquê?
Porquê?
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